quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Gosto da Sétima Arte




Noite de encerramento da quinta edição da Mostra Cinema Conquista comemora o prazer de se fazer e ver cinema em Vitória da Conquista Foi o real gosto pela sétima arte que reuniu espectadores, organizadores, realizadores e apoiadores da Mostra Cinema Conquista – Ano 5, na última noite de exibições. Um ambiente com plateia completa, sem muito burburinho, preenchido por pessoas focadas no propósito da sétima arte ou, mesmo que não houvesse um desejo tão idealizado, por um público que estava ali pelo prazer único e exclusivo de assistir a bons filmes, num reflexo do panorama mais atual do que se faz no Brasil e algumas representações internacionais. Este domingo, 11, conferiu à atmosfera a coroação de um espírito de cinema que se viu plainar, soberano, nos últimos seis dias, entre o Centro de Cultura, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e as praças públicas com os formatos Cine-Tenda e Cine Cidadão Itinerante. Seis dias de reflexão, leituras e diferentes olhares materializados em oficinas, curso, workshop, seminário com mesas-redondas e lançamentos de livros, exposições, uma extensa homenagem especial ao cineasta Orlando Senna, ações paralelas, cobertura expressiva da imprensa, shows e 56 produções exibidas, entre curtas e longas-metragens nacionais e internacionais, além de vídeos baianos. “Tudo tão extremamente interessante, onde se aprendeu muito nestes dias, com debates estimulantes e um público de qualidade. Continua valendo a pena fazer a Mostra”, concorda a coordenadora acadêmica do evento, Milene Gusmão. Esta última noite foi singular e comemorativa, com intervenções sonoras e projeções digitais na área livre do Centro de Cultura, agradecimentos especiais, reunião de todas as equipes de trabalho, presenças oficiais, filmes arrebatadores e show com a participação especial de Ava Rocha, uma das filhas do internacionalmente ilustre Glauber Rocha, filho da terra. “O encerramento da Mostra refletiu o que a gente tem percebido há algum tempo: as pessoas que realmente gostam de ver cinema estão atentas ao objeto e proposta do evento. É este público que nos interessa. Todas as partes que compõem a mostra, desde a parte acadêmica até os espaços de exibições, com uma programação de quinze filmes por dia, são montadas para a comunidade. E é uma comunidade cada vez mais diversa”, diz o coordenador-geral da Mostra, Esmon Primo.

Na tela de cinema

Na sala de exibições, pela ordem, foram mostrados os curtas “Cães”, de Adler Paz e Moacyr Gramacho, e “Nós Somos um Poema”, de Sergio Sbragia e Beth Formaggini. O primeiro, muito bonito e denso, com pincéis de surrealismo na proposta narrativa e estética, com riqueza de detalhes em cenas em p&b e elementos de cotout, trabalhando representações, abstrações e delírios psicológicos num ambiente seco do sertão. O segundo, mais biográfico, trata sobre a construção da trilha sonora do filme “Sol Sobre a Lama”, de Alex Viany, datado de 1964, feita pela inusitada e genial parceria de Pixinguinha e Vinícius de Moraes e reúne diversos cantores e gente do cinema revivendo a produção. “Eu tenho que transformar em palavras, o que, às vezes, no ato é muito maior”. Com esta frase, dita por Arnaldo Baptista, o longa “Locki” encerrou, em grand finale, a programação de exibições da Mostra. Emocionante, a cinebiografia assinada por Paulo Henrique Fontenelle, conta a história de Arnaldo Babtista, fundador dos Mutantes, uma das bandas mais importantes da música brasileira, costurando depoimentos comoventes do artista e cenas inesquecíveis da trajetória do grupo, com a representação de cada um dos integrantes, depoimentos de músicos e pessoas que fazem parte das relações interpessoais do artista, tratando desde o surgimento, a paixão por Rita Lee, a influência sobre músicos estrangeiros como Devendra Banhart (“Eles são melhores que os Beatles”), a identidade brasileira em suas canções, a inovação radical da proposta dos Mutantes, a relação conturbada com as drogas, o fim e o renascimento. “O mais importante são as etapas vencidas”, diz Arnaldo numa das cenas, enquanto pinta um quadro emblemático, num comentário que, em licença poética, pode ser comparado a mais esta edição da Mostra Cinema Conquista, já inserida no calendário nacional de mostras e festivais.

Encerramento oficial

Entre os curtas e o longa, foi feita uma pausa, onde a mestre-de-cerimônias convidou as equipes de organização da Mostra e representantes da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e da Uesb, realizadores do evento, para a solenidade de encerramento oficial. As equipes de assessoria de imprensa, exibição e iluminação do evento foram as homenageadas da noite. “Mais uma vez a comunidade compareceu à Mostra, com um bom público em todos os espaços de discussão e exibição. Foi um momento especial vivenciado, com debates importantes sobre a produção de cinema e audiovisual no Brasil e exibições de obras fundamentais do circuito nacional e internacional”, comentou o secretário municipal de Cultura, Gildelson Felício, parabenizando as equipes. A Mostra é uma realização da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC) e da Uesb, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e do Programa Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb, com a correalização da Casa da Cultura de Vitória da Conquista. A Mostra Cinema Conquista – Ano 5 tem como patrocinadores o Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual, por meio do Fundo Nacional da Cultura, e o Governo do Estado da Bahia – secretarias da Fazenda e da Cultura, por meio do Fundo de Cultura da Bahia.





Texto: Marco Antonio J. Melo


Fotos: Vinícius Gil (Purki) e domínio público


Assessoria de Imprensa – Mostra Cinema Conquista – Ano 5 Agência vOceve Multicomunicação

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